segunda-feira, 16 de abril de 2018
Neuropatias Periféricas
O corpo humano possui uma grande quantidade de nervos também chamados "nervos periféricos". Estes nervos podem ser afetados por doenças que acometem vários nervos em conjunto nas denominadas "polineuropatias" ou "multineuropatias" ou por lesões que afetam um determinado nervo isoladamente nas denominadas "mononeuropatias".
Sintomas
Nervos perifericos
Figura 1. Exemplo de alguns nervos periféricos
Os sintomas mais comuns nas doenças que afetam os nervos são:
- Dor
- Fraqueza ou perda de força na região acometida
- Alterações da sensibilidade como dormência, perda de sensibilidade ou sensações estranhas como formigamento, queimação ou sensação de choque
- Atrofia ou redução da massa muscular na região comprometida
- Causas ou Etiologias Principais
Existem várias doenças que podem comprometer os nervos periféricos.
Citaremos abaixo apenas algumas:
- Diabetes (tipos I e II)
- Doenças da tireóide
- Doenças renais (nefropatias)
- Doenças do fígado (hepatopatias)
- Doenças do colágeno (Artrite Reumatóide, etc)
- Doenças infecciosas (hanseníase, hepatite, AIDS, etc)
- Doenças imunológicas/inflamatórias como Polirrradiculopatia Inflamatória Aguda Desmielinizante ou Síndrome de Guillain-Barré, Polirradiculopatia Inflamatória Crônica Desmielinizante (PIDC), entre outras.
Além destas doenças os nervos periféricos podem ser comprometidos:
- Pela manipulação desprotegida de agrotóxicos e outros produtos químicos,
- Pelo uso de algumas medicações (alguns quimioterápicos, isoniazida, amiodarona, entre outras)
- Pela falta de algumas vitaminas no organismo (má-absorção, alimentação inadequada)
Os nervos periféricos também podem lesados nas situações de trauma como acidentes automobilísticos, ferimentos por arma branca ou de fogo, fraturas, etc. Também é comum a ocorrência de lesão do nervo pela compressão focal do nervo em determinados pontos vulneráveis do seu trajeto anatômico. Estas lesões geralmente são causadas pela predisposição anatômica individual, estiramento ou compressão do nervo por movimentos repetitivos ou apoio inadequado sobre os pontos de passagem do mesmo, entre outros fatores.
Veja abaixo alguns locais vulneráveis onde alguns nervos são susceptíveis à compressão:
Punho: compressão do nervo mediano (síndrome do túnel do carpo)
Punho: compressão do Nervo ulnar (síndrome do canal de Guyon
Cotovelo: Nervo mediano no cotovelo (síndrome do pronador redondo)
Cotovelo: Nervo Ulnar (síndrome do canal cubital)
Joelho: Nervo fibular na cabeça da fíbula
Coxa: Nervo cutâneo lateral da coxa no ligamento inguinal (meralgia parestésica)
Coxa: Nervo ciático (Sd. Piriforme)
Braço: Nervo radial na goteira do úmero
Antebraço: Nervo interósseo posterior
Tornozelo: Nervo tibial posterior (síndrome do túnel do tarso)
Região torácica superior/cervical: Compressão do tronco inferior do plexo braquial (Sd. do desfiladeiro torácico)
A importância da Eletroneuromiografia
A eletroneuromiografia é um exame fundamental para investigação das doenças que afetam os nervos periféricos. Ela vai avaliar qual ou quais os nervos comprometidos:
Local do comprometimento
Distribuição do comprometimento ou seja: se a doença está restrita a um nervo ou grupo de nervos ou se é difusa (atinge vários nervos de forma disseminada), se é simétrica ou assimétrica, proximal ou distal
Padrão de comprometimento ou seja, se a lesão afeta apenas o envoltório do nervo (mielina) ou se afeta as suas fibras internas (axônios).
A gravidade do problema
Se as alterações são agudas, subagudas ou crônicas
Se a lesão/doença ainda está em atividade ou não
Se o problema é apenas do nervo ou se existe também comprometimento muscular associado
Tratamento das Neuropatias Periféricas
Não existe um tratamento único para o problema. Como vimos acima existem diferentes causas para o desenvolvimento de um problema no nervo. Para o tratamento adequado das neuropatias periféricas é necessário saber a causa do problema. Quando a neuropatia é secundária a algum outro distúrbio metabólico que o paciente apresenta (por exemplo: diabetes descompensado, alterações hormonais, acúmulo de substâncias tóxicas no organismo pela filtração inadequada dos rins, etc) é necessário corrigir ou melhorar estes problemas.
Quando existe deficiência de alguma vitamina ou outro nutriente é necessário fazer a reposição do que está faltando. Quando ela ocorre pela exposição a substâncias químicas, agrotóxicos ou medicações é necessário tentar identificar a substância que está acarretando o problema e quando possível, substituir ou suspender o uso.
Alguns pacientes com doenças inflamatórias ou imunológicas do próprio nervo (Sd Guillain Barré, PIDC, Neuropatia Motora Multifocal, entre outras doenças) podem necessitar o uso de Imunoglobulinas ou substâncias imunossupressoras. Nas lesões por trauma ou compressão anatômica do nervo existe a possibilidade de tratamento conservador com fisioterapia, adaptações posturais, uso de órteses ou em algumas situações, pode ser necessário o tratamento cirúrgico.
No tratamento da dor, que quando secundária a doenças dos nervos periféricos é chamada de Dor Neuropática, o uso dos analgésicos comuns pode ser insatisfatório. Existem diversas medicações disponíveis no mercado que apresentam efeito mais adequado para este tipo de dor. Em todos os pacientes a avaliação do tratamento precisa ser feita de maneira individualizada após o diagnóstico correto do problema.
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