segunda-feira, 16 de abril de 2018
Bebê dormir de barriga para cima reduz em 70% risco de morte súbita
A nova orientação, que passou a ser seguida pela Sociedade Brasileira de Pediatria, é de que a criança seja colocada de barriga para cima. Dessa forma se reduz em 70% os riscos da morte súbita, segundo um estudo do Centro de Pesquisas Epidemiológicas da Universidade Federal de Pelotas (UFPel).
A pesquisa da UFPel constatou que se uma criança está deitada de barriga para cima e se engasga, ela acaba tossindo e chama a atenção dos pais. No caso da morte súbita, essa reação não acontece e a morte se dá de forma silenciosa. "A morte súbita do lactente é a principal causa de morte no primeiro ano de vida nos países desenvolvidos. É definida como óbito de crianças de 1 a 12 meses de idade sem causa esclarecida após extensa investigação da cena de morte e necropsia", explica o neurologista e especialista em distúrbios do sono, Bráulio Brayner, de Campinas.
O médico ressalta que ainda não se sabe as causas exatas da morte súbita, mas os resultados de necropsia sugerem a presença de hipoxemia crônica (baixo teor de oxigênio no sangue) ou obstrução de vias aéreas superiores, mas nem todos os lactentes que tiveram morte súbita apresentam estas alterações. Segundo ele, foi verificado através de pesquisas que a morte súbita ocorre mais frequentemente nos meses de inverno, a maior incidência é no sexo masculino e pode haver associação com tabagismo passivo e tabagismo materno pré-natal.
"A chance de o lactente ter morte súbita quando há exposição domiciliar à fumaça de cigarro aumenta em 5 a 9 vezes, sendo maior quando o fumante é a mãe. Há também uma chance maior de o distúrbio acontecer quando a criança é prematura, quando há excesso de vestimentas, aleitamento artificial e quando já ocorreu morte súbita em algum parente direto", esclarece. A morte súbita é considerada um distúrbio do sono porque 80% dos casos ocorrem entre meia-noite e seis horas da manhã. Entre os lactentes, ela acontece tipicamente na faixa etária entre 1 e 12 meses de vida, com um pico de incidência entre 2 e 4 meses de idade, de acordo com Dr. Bráulio.
A Academia Americana de Pediatria recomenda que os lactentes saudáveis devam dormir em decúbito dorsal (ou seja, de barriga para cima) ou lateral. Recomenda-se também abolir o tabagismo passivo, estimular o aleitamento materno, evitar excesso de roupas e cobertores e não usar colchão grosso e macio. "Essas orientações são muito importantes e deveriam ser passadas às mães pelos pediatras brasileiros", acrescenta. Além da morte súbita, ele diz que os bebês também podem sofrer de outros distúrbios do sono, mas são mais raros, que são o evento de aparente risco de vida, a apnéia da prematuridade, a apnéia do lactente, síndrome da hipoventilação central congênita e, nas crianças com um pouco mais de idade, a apnéia obstrutiva do sono, as parassonias (incluindo sonambulismo e terror noturno) e crises epilépticas que podem ocorrer durante o sono.
Mesmo com as comprovações feitas pela pesquisa e com o conhecimento de que a orientação de dormir de barriga para cima é feita em muitos países há mais de 20 anos, no Brasil poucas mães adotam a medida. Aqui, aliás, a prática usual é colocar o bebê de lado, porque no caso de engasgar ele não se sufocaria com o leite. Mas os estudos mostram que o perigo da morte súbita é bem maior.
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