segunda-feira, 16 de abril de 2018

Exame de Eletroneuromiografia

O que é Eletroneuromiografia? A eletroneuromiografia é o registro da atividade elétrica dos nervos e músculos. Como o exame é feito? O exame é composto por duas partes: O estudo da Condução Nervosa e a Eletromiografia. Na primeira parte do exame, "O Estudo da Condução Nervosa" são aplicados estímulos elétricos de baixa intensidade em alguns nervos e na segunda parte do exame "A Eletromiografia" é colocada uma agulha muito fina e delicada em alguns músculos para avaliar o sinal gerado pelos próprios músculos. Para que o exame seja realizado de forma adequada é necessária a avaliação SEMPRE dos dois membros (superiores ou inferiores) não sendo recomendável a avaliação apenas de um membro. O que o exame avalia? O exame de eletroneuromiografia avalia essencialmente o sistema nervoso periférico que é composto pelas células do corno anterior da medula espinhal, raízes nervosas da coluna vertebral, nervos periféricos, junção neuromuscular e músculos. Trata-se de um exame insubstituível no diagnóstico de algumas doenças. Sua realização é imprescindível na avaliação das polineuropatias (doença difusa dos nervos), das miopatias (doenças dos músculos), nas doenças da junção neuromuscular (miastenia gravis, Sd. Eaton-Lambert), nas lesões acidentais ou traumáticas dos nervos periféricos, raízes nervosas e feixes nervosos (neuropatias, radiculopatias, plexopatias), entre outras. As duas etapas do exame e o que elas avaliam serão detalhadas logo abaixo: 1ª etapa do exame: O estudo da condução nervosa Nesta etapa do exame é avaliada a resposta dos nervos periféricos através da realização de estímulos elétricos com registro das respostas destes nervos através de eletrodos colocados em pontos específicos do trajeto do nervo a ser estudado. Pela resposta obtida é possível calcular vários parâmetros como latência das respostas (tempo entre o estímulo e a resposta nervosa), amplitude e velocidades das respostas. Estes parâmetros são muito importantes para entendermos o que está acontecendo com o nervo. É possível avaliar, por exemplo, se existe algum ponto de bloqueio ou lentificação na passagem do impulso elétrico, se a respostas estão dentro dos valores esperados ou não, o tipo de problema: se desmielinizante ou axonal, se as alterações são restritas a um nervo ou acometem vários nervos, entre outras informações. Colocação de Eletrodos Figura 1: Exemplo de colocação de eletrodos e locais de estímulo para estudo do nervo ulnar Nesta etapa também são realizados os estudos das respostas tardias (ondas F e respostas H). Estas respostas podem ser muito importantes na avaliação de algumas patologias dos nervos e raízes nervosas. Resposta de um nervo motor normal Figura 2: Exemplo de resposta de um nervo motor normal 2ª etapa do exame: A eletromiografia Nesta etapa é colocada uma agulha muito fina e delicada em alguns músculos e realizado o registro da atividade espontânea destes músculos durante a inserção da agulha e durante o repouso muscular, logo em seguida é avaliada a atividade do músculo durante a contração muscular. Na eletromiografia não é usado nenhum tipo de estímulo elétrico e também não é injetada nenhuma substância pois, o objetivo é registrar apenas a atividade elétrica do próprio músculo. Além de ser muito importante no diagnóstico das doenças do próprio músculo (miosites, distrofias,etc) a eletromiografia é muito importante na avaliação das doenças dos neurônios motores, raízes nervosas e nervos periféricos. A eletromiografia é importante mesmo na suspeita de lesão apenas do nervo porque após a lesão de um nervo, os músculos por ele inervados sofrem um processo de desnervação. Nas lesões agudas podem ser detectados potenciais precoces de desnervação que são as denominadas "fibrilações" ou "ondas positivas" e que começam a aparecer 2 a 3 semanas após a lesão nervosa. Nas fases mais tardias observamos mudança na morfologia do sinal elétrico do músculo, com a presença dos chamados potenciais neurogênicos crônicos, maiores em tamanho e presentes em intervalos mais espaçados em relação ao que seria esperado em um músculo normal. Estas alterações são resultado da reinervação parcial do músculo afetado. Músculo normal em contração leve Figura 3: Exemplo de registro de um músculo normal em contração leve Desnervação parcial Figura 4: Exemplo de registro de um músculo com desnervação parcial (presença de potenciais neurogênicos crônicos) Através dos dados obtidos nesta etapa do exame é possível determinar: A integridade da fibra muscular ou seja, se existe alguma doença acometendo o próprio músculo (miopatia) ou o nervo responsável por ele. Determinar a intensidade do comprometimento. Estabelecer se a lesão é aguda, subaguda ou crônica. Estabelecer se a doença está ou não em atividade. A partir dos dados registrados no estudo da condução nervosa e na eletromiografia são geradas tabelas com os valores obtidos. As informações obtidas permitem diagnosticar uma grande variedade de doenças e lesões. O exame dói? A eletroneuromiografia é um exame talvez um pouco desagradável para alguns pacientes mas, trata-se de um exame bastante seguro e muito bem tolerado pela ampla maioria das pessoas, sendo realizado até mesmo em crianças. Contraindicações para o exame A principal contra-indicação para realização do exame é a presença de feridas extensas ou edema muito acentuado no membro (perna ou braço) onde o exame deve ser realizado. A presença de feridas (úlceras extensas) nos locais de colocação dos eletrodos pode dificultar ou mesmo impossibilitar a realização do exame. A presença de próteses metálicas ou marca-passo e o uso de anticoagulantes não impossibilitam a realização do exame mas, o paciente deve sempre obrigatoriamente comunicar o médico responsável pela execução do exame. Recomendações para o exame de eletroneuromiografia Não use qualquer tipo de creme (hidratantes ou qualquer outro creme) na pele no dia do exame (dificulta a colocação dos eletrodos). Alimente-se bem e normalmente (não é necessário jejum). Traga uma camiseta regata ou de manga curta caso o exame seja dos braços e um calção curto largo ("shorts") caso o exame seja das pernas. Traga todos os exames que já realizou para investigação do problema em questão: Raio X, Tomografia, Ressonância da coluna ou do membro afetado, eletroneuromiografias anteriores (se tiver). No caso de lesão aguda do nervo é necessário aguardar pelo menos 3 semanas antes de realizar o exame. Exemplos de patologias onde exame de eletroneuromiografia pode ser indicado : Neuropatias Periféricas; Síndrome do Túnel do Carpo; Radiculopatias; Hérnias de disco e Outras Doenças da Coluna Vertebral: (Espondilolistese, Espondiloartrose, Estenose de Canal Vertebral).

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