O ronco, que muitas vezes não é muito levado a sério, pode sinalizar problemas respiratórios e distúrbios do sono, como a apneia, transtorno que prejudica a entrada do ar via nasal e oral. Segundo Ricardo Barbosa, mestre e doutor em distúrbio do sono pela Faculdade de Odontologia e Medicina da USP, 90% das pessoas que roncam têm apneia obstrutiva do sono, que em casos extremos pode levar a complicações cardiológicas e hipertensão.
Ricardo Barbosa afirma que em casos extremos a apneia pode causar complicações cardiológicas |
Segundo o grande especialista, também diretor-clínico do Laboratório Pró-Sono de São Paulo, o distúrbio está estreitamente ligado ao ronco, que nada mais é do que a vibração das estruturas atrás da língua e da úvula, conhecida como campainha. Para Barbosa, o principal problema ocorre quando o paciente encosta a língua na parte de trás da garganta. “Quando o indivíduo obstrui com a língua a passagem do ar, consequentemente o índice de oxigenação cai, o coração dispara e o organismo tem de fazer com que a pessoa desperte”, explica.
Em níveis bem mais avançados, o paciente repete várias vezes essa ação no decorrer da noite sem perceber, pois a parada dura poucos segundos. “O sono tem várias fases para o restabelecimento de energia e da memória. Os pacientes que sofrem de apneia não descansam o suficiente durante a noite e apresentam sonolência durante o dia”, relata Pedro Genta, presidente da sub-comissão de Distúrbios Respiratórios do Sono da Sociedade Paulista de Pneumologia e Tisiologia.
Dor de cabeça
Além de apresentar aspecto de cansaço ao longo do dia, o paciente tem dificuldade de concentração e altos níveis de irritabilidade. Mas o cansaço não é o único sintoma, segundo Rosa Hasan, neurologista e coordenadora do Laboratório do Sono da Faculdade de Medicina do ABC “A parcela da população que sofre com apneia também apresenta dor de cabeça pela manhã, sonolência ao longo do dia e alteração de humor”, explica.
Além de apresentar aspecto de cansaço ao longo do dia, o paciente tem dificuldade de concentração e altos níveis de irritabilidade. Mas o cansaço não é o único sintoma, segundo Rosa Hasan, neurologista e coordenadora do Laboratório do Sono da Faculdade de Medicina do ABC “A parcela da população que sofre com apneia também apresenta dor de cabeça pela manhã, sonolência ao longo do dia e alteração de humor”, explica.
Os indivíduos que sofrem com apneia geralmente apresentam sobrepeso e os homens são os principais afetados. Segundo pesquisa realizada pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), pelo menos 25% dos homens com idade entre 25 e 30 anos sofrem com distúrbios do sono, contra 14% das mulheres.
O tratamento abrange desde soluções simples, como perda de peso e dormir de lado, até a utilização de máscara com compressor que aumenta a pressão na garganta e dilata a faringe, chamada cpap (continuous positive airway pressure). O método cirúrgico requer seleção maior dos pacientes, pois depende da anatomia de cada um. (Colaborou Larissa Marçal)
Insônia atinge 25% da população
Outro distúrbio do sono conhecido pela população é a insônia, que segundo Rubens Reimão, líder do grupo de pesquisa avançada do sono do Hospital das Clínicas da USP, atinge pelo menos 25% da população brasileira. O problema, que consiste na dificuldade para começar ou manter o sono, afeta principalmente mulheres na meia idade.
Ainda segundo Rubens, a insônia é motivada por fatores externos, como condições do quarto e a luminosidade do ambiente, ou fatores psicológicos, como ansiedade e depressão. “Se a causa for ansiedade ou depressão, o paciente deve tomar medicamentos que trate especificamente esses problemas”, relata o neurologista.
Outra maneira de manter as horas de sono adequadas é realizar espécie de higiene ou ritual antes de dormir. Comidas e bebidas estimulantes, como chocolate, chá preto e chá mate devem ser evitados. Manter horários regulares para dormir também é essencial, já que melhora o funcionamento do relógio biológico. (LM)